A instrumentalização do voto: igreja, curral eleitoral
A igreja cristã em Biritinga sempre demostrou indiferença diante da realidade de descaso e miséria de nossa cidade. Ao invés de promover e incentivar maior atuação cidadã dos cristãos, ela reforça as raízes coronelistas, instrumentalizando o voto, e tornando igrejas em currais eleitorais. Não que a igreja não possa falar de política, ela deve falar, mas, no sentido de conscientizar os fieis ao serviço cidadão. O papel do líder religioso não é conduzir o voto do fiel, como faz um boiadeiro que guia o gado.
Eu nunca vi nenhum líder religioso do município de Biritinga no enfrentamento aos ditadores e donos de nossa cidade. Ao contrário disso, observo com pesar, muitos desses líderes ‘cristãos’ estendendo a destra da comunhão aos corruptos e opressores. Ignoram as vítimas da miséria social de nossa comunidade.
Se houvesse bom senso, nenhum deles pediriam votos para ‘candidatos da igreja’, isso porque, durante muito tempo, a igreja tem sido omissa diante de sua responsabilidade sociopolítica. A falta desse entendimento faz com que ‘ovelhas’ se tornem em ‘gado’ num curral eleitoral.
Num regime democrático, a igreja não deve assumir posição político-partidária, ao defender ‘os seus’. A verdadeira igreja cristã é defensora de princípios morais e éticos, e isso precisa ser constatado na prática, no dia-a-dia e não apenas na pregação.
A causa da omissão da igreja é a evidencia clara do acovardamento diante de políticos ditadores que perseguem quem se mostra contrário aos seus planos de poder. Somos condicionados a ficar caladinhos, para não incomodar.
Nós, cristãos, precisamos assumir nossa covardia, nossa hipocrisia, ao pregar que Deus é justiça, e conviver com tanta injustiça, e tantos problemas sociais em nossa cidade, sem reclamar, sem protestar, aceitando as coisas do jeito que são como se fossem imutáveis.
Aceitamos calados, a realidade de centenas de agricultures sem subsídio e sem nenhum tipo de recurso para produzir e gerar renda, tendo que conviver com o contraste de morar na ‘cidade da água’ e passar mais de 45 dias sem água em suas regiões.
Aceitamos calados, a realidade de marginalização da juventude, sem acesso à cultura, ao entretenimento e ao trabalho, vulneráveis as drogas e ao extenso mundo do crime.
Aceitamos calados, a realidade de uma Prefeitura instrumentalizada para manter a política, através da distribuição de cargos comissionados e secretarias.
Aceitamos, calados!
Renilson Silva - Blog Biritinga Informa
(escrevo sobre a relação da igreja com a sociedade e com a política, obviamente porque isso me incomoda, e aprendi que, é também, escrevendo e publicando nossas posições, que protestamos contra erros dos quais todos estamos expostos a cometê-los.)
Texto publicado aqui no blog originalmente em 16 de Agosto de 2016.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBom dia companheiro Renilson. Concordo contigo nesse artigo. Entretanto gostaria de fazer considerações. Primeiro lugar penso que o artigo generalizou e colocou todas as igrejas como Unidas no engajamento político-partidário. O que não é realidade. Há igrejas em Buritis e nós da comunidade Batista não nos envolvemos nesse universo da barganha política. Sabemos do envolvimento de outros é verdade. Sobre a aparente ausência da igreja cristã nos assuntos sociais afirmo companheiro que o fato da igreja não fazer propaganda de suas ações no campo social não é sinônimo de omissão mas entendo que é PRECISO APARECER E NÂO SER NOTADO. Quando digo que alguma coisa está sendo feita, sei que há muito mais que deveria ser feita. Todo cristão deve denunciar o mal e as injustiças vc está certo. Mas acredito que todos nós temos uma visão diferente de como denunciar e agir no mundo. Reconheço o papel verdadeiro que a imprensa como este blog desempenha quando anuncia os desmandos da sociedade e desejo nobre companheiro que continuemos a luta contra os erros. ASSINADO PASTOR JOANDSON. PASTOR DA PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE BIRITINGA
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