Na tarde de uma quinta-feira, neste mês de Abril de 2025, tive a ideia de tentar recriar imagens com base nas informações históricas do município de Biritinga, utilizando a Inteligência Artificial. Ao criar a primeira imagem fiquei admirando como um algoritmo pôde dar vida aos acontecimentos históricos de forma tão "real".
E agora, o que faço com esta imagem?! logo pensei. Mas aí veio outras tantas ideias de recriar os momentos que já li no livro de Antônio Anilson, (Saga de Biritinga), nos artigos e publicações que garimpei da internet, como o relato escrito pelo professor José Plínio de Oliveira, do município de Serrinha, que descrevia relatos importantes, cujo título da publicação é: Ciranda da Prostituta, publicado no portal euclidesdacunha.com. Também li outras publicações como as que estão com links ao final desta postagem.
Mais ainda penso: e o que eu não li? e o que não sei? e o tanto de histórias que se perderam? e as histórias que poucos sabem?... Tudo isso fica no anonimato e prejudica a nossa própria identidade enquanto comunidade.
Quero poder mergulhar um pouco mais nas histórias e causos de nossa cidade, e gostaria muito de pedir a você que é vereador ou prefeito e por acaso esteja lendo isso, que se sensibilize em criar um memorial da nossa história (Centro de Memória de Biritinga), com uma equipe que colete informações, documente e disponibilize para toda sociedade, toda trajetória de nossa cidade. Além de prestigiar o protagonismo local e sua gente, fornece a todos um acervo em contínua construção.
Os primeiros habitantes
Estrada Real: um ponto de passagem histórica
Biritinga (povoado Manga) era cortada pela Estrada Real, ligando Alagoinhas a Monte Santo e á capital do estado, e por este motivo era caminho de Antônio Conselheiro (figura central da Guerra de Canudos) e seus seguidores, em suas andanças pelo sertão da Bahia e Sergipe.
Não encontrei um histórico-documental que comprove exatamente onde se localizava a estrada real no território do sertão da Bahia. Contudo, há informações que esta estrada cortava o município de Biritinga, por onde também passavam tropeiros, que habitaram o lugar por se tratar de um local onde se tinha água potável em abundância.
Em uma edição de um Jornal semanário antigo, denominado O Serrinhense, há um trecho que cita a estrada real que cortava Biritinga:
"Antes do trem em Serrinha, a estrada real para Salvador percorria pelo povoado da Manga (atual Biritinga). Essa estrada vinha da imperial vila de Tucano (na origem, “tocanos”, em conformidade com depoimentos do frei Apolônio de Todi (ver data), missionário andarilho, que teve a glória de reformar a igreja de Tucano e construir as 21 capelinhas de Monte Santo (Serra do Piquaraçá). Essa estrada bifurcava-se em Araci (então vila do Raso. A imperial Vila de Tucano já cantava progresso e sucesso desde 1843, ainda no início do Segundo Reinado."
O primeiro Prefeito de Biritinga
Em 23 de abril de 1962, o governador da Bahia na época, Juracy Magalhães, sancionou a Lei Estadual nº 1684, que desmembrou de Serrinha o distrito de Biritinga e o elevou à categoria de município, sendo instalado em 7 de abril de 1963, com a posse do primeiro prefeito, Salvador Fabiano de Carvalho, que governou Biritinga entre 1963 e 1966, junto com a primeira legislatura da Câmara Municipal.
A fé como pilar: Igreja Matriz e Antônio Conselheiro
Segundo relatos históricos, podemos afirmar que houve importante contribuição de Antônio Conselheiro e os peregrinos que o acompanhavam, na edificação da igreja. Segundo informações do texto Ciranda de Prostituta, escrito por José Plínio de Oliveira e republicado no portal euclidesdacunha.com, onde retrata que as pedras utilizadas na construção da igreja eram trazidas pelos fiéis do local denominado Pelo Sinal para a área da construção. E ainda segundo relatos de testemunhas, conta se que um dos seguidores de Conselheiro, com o peso da pedra que carregava, ainda na região do Pelo Sinal, teria feito um xingamento.
Epidemias e perdas
A história de Biritinga também é marcada pela dor. Uma epidemia de peste bubônica ceifou muitas vidas, um capítulo silencioso, mas que merece ser lembrado como parte da luta da população local pela sobrevivência e dignidade.
A promessa e o início da tradição ao co-padroeiro São Sebastião
Com o pedido aceito, o ato de devoção á São Sebastião deu início aos festejos religiosos de 20 de janeiro, em louvor ao mártir, com novena, orações, acompanhamento, procissão, leilões, e atividades religiosas que acontece todos os anos no município.
Um coreto é uma estrutura coberta, geralmente ao ar livre, que serve para abrigar apresentações musicais, culturais e políticas. Traz consigo a recordação de um passado romântico, mas que segundo apuramos, foi derrubado ainda em tempos remotos. É possível observar que os coretos fazem parte de uma estética da arquitetura de cidades do sertão. Podemos notar essas estruturas em cidades vizinhas como Conceição do Coité, Serrinha, Feira de Santana e Barrocas.
Esta é uma pequena amostra do que pode e deve ser amplamente pesquisado, documentado e divulgado sobre nossa memória.
Eu sei que para além destes breves relatos, há muitas histórias, causos e informações importantes que deveriam estar sendo preservado.
"Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado." (Emília Viotti da Costa)
Parabéns Biritinga por sua história!
https://viladoraso.com.br/leobino-freitas-bacellar-vida-longa-e-de-sucesso-primeira-parte.html