5 de fevereiro de 2013

Darino Sena: Os acomodados que mudem

Darino Sena - Jornalista 

A acomodação se instalou e disparou um efeito cascata no Bahia deste início de 2013. Quem começou o processo foram os cartolas. Acomodaram-se e não reforçaram uma base quase rebaixada em 2011 e quase rebaixada de novo em 2012. As contratações vieram - Demerson, Pablo, Brinner, Magal, Toró, Michael Jackson, Thuram, Obina e, agora, a incógnita Rosales. Mas cadê os reforços?  Aqueles caras de reconhecida capacidade técnica que vão chegar pra resolver os problemas e não só pra compor? A torcida ainda espera.

A desculpa dos cartolas pra letargia tem sido o bom segundo turno do Brasileirão passado, quando o tricolor fez  a quinta melhor campanha. Esqueceram que o Nacional tem duas fases e que a primeira foi um fracasso muito por conta das limitações do elenco. Apostaram naquele velho ditado: “uma mentira dita repetidas vezes torna-se verdade”. Estão quebrando a cara deles e a do torcedor.

No papel, mesmo sem os necessários reforços, o time é superior a Itabaiana, ABC e Ceará. Esperava-se que, em igualdade de condições físicas com os demais - afinal, todos em início de temporada - a relativa diferença técnica do Bahia fosse prevalecer. Mas o Tricolor levou sufoco do primeiro e perdeu para os dois últimos em pleno Pituaçu. Está em terceiro numa situação complicadíssima pra passar de fase num grupo com esses quatro. Como explicar?


Sem rivais à altura na disputa por posição, os titulares de sempre se acomodaram. E se iludiram com a mentira com a qual a diretoria quis enganar o torcedor. Acharam que a pretensa qualidade do time seria imposta naturalmente sobre adversários reconhecidamente mais fracos, de divisões inferiores ao “esquadrão de elite”.  


O Bahia de 2013 entrou em campo até aqui convencidíssimo que iria ganhar as partidas na hora que bem entendesse. Mas fez pouco pra isso acontecer. O desleixo é nítido e irritante. O tricolor está pagando caro pela soberba. Falta humildade e, por consequência, empenho.


O descompromisso dos jogadores ficou evidente na pergunta do repórter Nilson Luís a Souza ainda em campo, após o vareio sofrido contra o ABC. Questionado o que tinha a dizer aos torcedores depois da humilhação imposta pelos poderosos potiguares, Souza falou que não era homossexual e saiu rindo, com deboche. Pra uma torcida que teve um de seus integrantes xingado pelo presidente do clube no início do ano, via twitter, Souza até que pegou leve. O mau exemplo vem de cima. Se o respeito com o torcedor já não vale tanto  mesmo, se empenhar pra quê?


E o rodízio de Jorginho? Na teoria, serve pra dar ritmo sem expor os veteranos a lesões. Na prática, tem exposto as deficiências do time e do elenco. Será proposital? Forma de um técnico insatisfeito fazer ecoar em campo os brados por reforços de fato, ainda não atendidos? Não tenho como responder.  

Certo é que Jorginho já passeou por vários esquemas - 4-2-2-2, 4-2-3-1, 4-3-3... - e o time acomodado não rende. Chama os reservas! É pra rir... ou pra chorar?  Se as atitudes não mudarem dentro e fora de campo, a acomodação vai puxar o Bahia... pra baixo.
 
(Darino Sene) Correio 24 Horas

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