16 de agosto de 2016

A instrumentalização do voto: igreja, curral eleitoral

A instrumentalização do voto: igreja, curral eleitoral 
A igreja cristã em Biritinga sempre demostrou indiferença diante da realidade de descaso e miséria de nossa cidade. Ao invés de promover e incentivar maior atuação cidadã dos cristãos, ela reforça as raízes coronelistas, instrumentalizando o voto, e tornando igrejas em currais eleitorais. Não que a igreja não possa falar de política, ela deve falar, mas, no sentido de conscientizar os fieis ao serviço cidadão. O papel do líder religioso não é conduzir o voto do fiel, como faz um boiadeiro que guia o gado. 

Eu nunca vi nenhum líder religioso do município de Biritinga no enfrentamento aos ditadores e donos de nossa cidade. Ao contrário disso, observo com pesar, muitos desses líderes ‘cristãos’ estendendo a destra da comunhão aos corruptos e opressores. Ignoram as vítimas da miséria social de nossa comunidade.

Se houvesse bom senso, nenhum deles pediriam votos para ‘candidatos da igreja’, isso porque, durante muito tempo, a igreja tem sido omissa diante de sua responsabilidade sociopolítica. A falta desse entendimento faz com que ‘ovelhas’ se tornem em ‘gado’ num curral eleitoral. 

Num regime democrático, a igreja não deve assumir posição político-partidária, ao defender ‘os seus’. A verdadeira igreja cristã é defensora de princípios morais e éticos, e isso precisa ser constatado na prática, no dia-a-dia e não apenas na pregação.

A causa da omissão da igreja é a evidencia clara do acovardamento diante de políticos ditadores que perseguem quem se mostra contrário aos seus planos de poder. Somos condicionados a ficar caladinhos, para não incomodar. 

Nós, cristãos, precisamos assumir nossa covardia, nossa hipocrisia, ao pregar que Deus é justiça, e conviver com tanta injustiça, e tantos problemas sociais em nossa cidade,  sem reclamar, sem protestar, aceitando as coisas do jeito que são como se fossem imutáveis. 

Aceitamos calados, a realidade de centenas de agricultures sem subsídio e sem nenhum tipo de recurso para produzir e gerar renda, tendo que conviver com o contraste de morar na ‘cidade da água’ e passar mais de 45 dias sem água em suas regiões. 

Aceitamos calados, a realidade de marginalização da juventude, sem acesso à cultura, ao entretenimento e ao trabalho, vulneráveis as drogas e ao extenso mundo do crime. 

Aceitamos calados, a realidade de uma Prefeitura instrumentalizada para manter a política, através da distribuição de cargos comissionados e secretarias. 

Aceitamos, calados! 

Renilson Silva - Blog Biritinga Informa

(escrevo sobre a relação da igreja com a sociedade e com a política, obviamente porque isso me incomoda, e aprendi que, é também, escrevendo e publicando nossas posições, que protestamos contra erros dos quais todos estamos expostos a cometê-los.)

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