2 de fevereiro de 2011

PROJETO INCUBADORAS TEMÁTICAS CAPACITA ARTESÃOS QUILOMBOLAS E INDÍGENAS


A confecção de produtos artesanais de quilombolas do município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), e de indígenas das etnias Kiriri (Banzaê) e Tuxá (Rodelas), foi aprimorada. O projeto Incubadoras Temáticas, desenvolvido pelo governo da Bahia, por meio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), via Instituto Mauá, em parceria com o Instituto Kirimurê, capacitou e orientou membros de três comunidades tradicionais nos últimos dois anos. 

Aptas na produção com vistas à comercialização, 160 pessoas foram certificadas como artesãs e passaram a produzir peças diferenciadas com temáticas relacionadas às respectivas culturas. Foram investidos R$ 730 mil, distribuídos em partes iguais entre três projetos de incubadoras. A coordenadora do projeto, Margarida Lopes, afirmou que as ações de valorização e ampliação da atividade artesanal respeitaram as características de cada grupo. “Observamos a vivência local, adaptamos aos hábitos e trouxemos instrutores que tinham identificação com a comunidade”. Segundo ela, as orientações foram absorvidas conforme o planejado, o que favoreceu para o fomento da qualidade e competitividade. 

De acordo com o presidente da Associação Comunitária Semente de Pitanga de Palmares, Flávio Gabriel, após a participação no projeto, houve reflexos na satisfação familiar. “Para nós, quilombolas, ter um trabalho feito pelas próprias mãos, ver esses produtos sendo vendidos, exportados dá uma satisfação muito grande”. O líder comunitário, que também é músico, produz anel, porta-guardanapo, brinco, botão e colar. Ele destacou a participação dos jovens no projeto. “A participação da juventude é muito importante. Isso vai passar de geração pra geração”.

A coordenadora cultural da associação, Maria Bernadete Moreira, explicou que o artesanato é um grande meio de sustentabilidade, “e nossos jovens encararam isso com grande responsabilidade”. Na Associação Boa Esperança da Comunidade Quilombola do Dandá, as mulheres se organizaram e mantêm ativa a cadeia produtiva do artesanato. Elas utilizam fibras naturais, como a da folha da bananeira, para produzir peças de fino acabamento, como revestimento para garrafa de vidro, jogo-americano, porta-joia e mandala. Uma nova sede foi construída com recursos do projeto e, além da pequena fábrica, no local também são realizadas confraternizações e reuniões de trabalho. A coordenadora-geral da associação, Sandra Santos de Santana, disse que não previa tamanho sucesso na comercialização das peças. “Com esse projeto crescemos muito. As feiras de artesanato são muito importantes pra gente vender nossos produtos. Mesmo que a gente não venda, recebemos muitas encomendas”.
Cuidado com o meio ambiente
O uso racional das matérias-primas também é observado. Os artesãos foram orientados sobre como realizar o manejo de forma correta e que não ofereça danos irreversíveis à natureza. “É preciso fazer o uso sustentável das fibras para não correr o risco de degradar o meio ambiente e acabar com os recursos naturais”, observou Margarida Lopes.

O Instituto Mauá é um dos principais responsáveis pelo giro das mercadorias no mercado. Além da participação nas feiras, as lojas do instituto, que são referência em variedade de produtos, comercializam os artigos. A gerente de Fomento do Mauá, Albene Piau, ressaltou que foi uma experiência que deu certo. “As comunidades estavam desarticuladas, desorganizadas, e hoje elas estão com outra visão sobre as possibilidades do artesanato. A autoestima também melhorou. O projeto de incubadoras deu o amparo necessário, até que as comunidades conseguissem andar com as próprias pernas, mas vamos continuar apoiando os empreendimentos”.

Neste verão, no Jardim dos Namorados, em fins de semana alternados, acontece a Feira Baiana de Artesanato. A próxima edição será nos dias 12 e 13 deste mês. As peças também podem ser encontradas no Centro Público de Economia Solidária, no Comércio.

Agecom Bahia

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