11 de novembro de 2012

Bule Bule participa da feira da agricultura familiar da América Latina


Bule Bule é o Brasil rural e contemporâneo
Ascom MDA
O baiano Bule Bule é músico, escritor, compositor, poeta, cordelista, repentista, ator, cantador e até publicitário e garoto-propaganda. Já ocupou cargos de gestão cultural em associações e instituições públicas. Recebeu vários prêmios, inclusive a Ordem Cultural, do Ministério da Cultura (MinC). É também um grande pesquisador da música de raiz nordestina e o principal articulador de talentos da música popular rural e contemporânea brasileira, pois está sempre tramando alguma nova parceria. Por isso, Bule Bule é uma espécie de “porta-voz da cultura” na Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária - Brasil Rural Contemporâneo. Ele representa todas as vozes regionais e toda a pluralidade e versatilidade da música brasileira.
Participante da Feira desde a sua segunda edição, fez apresentações históricas, como no dia em que tocou com Gilberto Gil. Essa parceria foi tão bonita, que Gil o convidou para participar do projeto São João Carioca - festival organizado por ele e pela Rede Globo de Televisão. No Brasil Rural Contemporâneo, Bule Bule também já dividiu o palco com as Sambadeiras da Barra do Rio Pojuca e com Gabriel Pensador, que ele considera um “repentista contemporâneo”.
Nessa VIII edição, Bule Bule vai tocar samba rural com o grupo Raça da Roça, fazer duelo de repente com Mocinha de Passira, promover uma cantoria com Gereba e fazer o público dançar um samba chula com Raimundo Sodré. E, além de tocar com toda essa gente bacana, o mestre do cordel e do repente nos prepara uma surpresa: fará uma aparição especial em um dos shows do Palco Multicultural. É esperar para ver!
Bule Bule nasceu em Antônio Cardoso, na Bahia. Ao longo dos seus mais de quarenta anos de carreira, gravou seis CDs: Cantadores da Terra do Sol, Série Grandes Repentistas do Nordeste, A Fome e a Vontade de Comer, Só Não Deixei de Sambar, Repente Não Tem Fronteiras e Licutixo, bem como um DVD - Janela do Passado-, além de sua produção literária e de cordel e atividades como palestrante e ator.
Nessa entrevista exclusiva à equipe de comunicação da Feira, ele fala sobre os seus convidados e sobre a importância do Brasil Rural Contemporâneo. Confira. 
MDA: Seu trabalho de pesquisa e valorização dos cantadores brasileiros, além do resgate da cultura regional do nordeste, é de extrema importância para a música brasileira. Também por isso você participa da Feira desde a sua segunda edição. Como é ser essa espécie de “porta voz da cultura” na Feira? Que valor tem para você esse reconhecimento e de que forma isso vai repercutir na sua carreira e na sua vida?
BULE BULE: Para qualquer artista, participar dessa Feira é uma consagração. Aqui a gente faz contato com outras culturas, tem outras vivências que não teria fazendo show em teatros ou outros locais. A Feira é muito interessante e importante!
MDA: Você é um grande pesquisador do repente, da literatura de cordel e da cultura popular brasileira. O que o motiva a continuar pesquisando esses temas?
BULE BULE: É meu bom gosto! Não tenho satisfação com a cultura que a mídia faz, não vejo na cultura descartável uma orientação para as massas. Não mexe com o coração, só mexe a cabeça e a bunda, e isso não é bom. (recita um verso: “Sou como fruta madura que cai do pé lentamente / Na queda se esbagaça, jogando longe a semente / Procurando terra fértil pra ser fruta novamente”) Isso é bonito! É literatura de cordel, está no livro A Grande Peleia de Bule Bule e Antônio Queiroz. Os ritos modernos não têm essa riqueza...
MDA: E com a música, os shows e a carreira de repentista e cordelista, o que você espera alcançar e o que deseja transmitir ao público?
BULE BULE: Eu desejo transmitir todo o meu sentimento de interiorano e sertanejo, e o bom gosto com a cultura popular que faço. Porque eu vivo exclusivamente da cultura, criei meus 11 filhos com a minha arte. Por isso ela é tão valiosa pra mim, me deu a manutenção da minha vida durante todo esse tempo.
MDA: Qual a expectativa com relação a essa VIII edição da Feira propriamente dita, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário?
BULE BULE: Espero que, assim como a minha experiência cresceu acompanhando as pessoas que organizam esse grande evento, que tudo seja o melhor possível, pois já foram realizadas sete grandes edições. Agora, na oitava edição, já somos campeões!
MDA: O Brasil Rural Contemporâneo mostra o que existe de mais bonito e mais rico nas raízes brasileiras e valoriza as tradições, a relação do homem com sua terra e com o que a terra lhe oferece. Qual é a importância disso para você? Como é a sua ligação com esse Brasil rural?
BULE BULE: Eu gosto de vibrar! E sempre digo duas coisas: “Deus é bom e gosta da gente” e “ô, Brasil velho, cheio de ladeira e buraco!”.
MDA: Que locais do país você conhece por causa dos teus estudos, e existe alguma região ou tradição que seja foco principal da tua pesquisa?
BULE BULE: Me interesso por todas as manifestações culturais brasileiras! A capoeira, a vaquejada, a ciranda, a tirana, e outras manifestações que já estão em desuso, eu tive a oportunidade de saborear todas elas na minha carreira.
MDA: O senhor vai se apresentar ao lado de diversos artistas nessa edição. Poderia comentar um pouco a sua relação com cada um deles?
BULE BULE: Com o grupo Raça na Roça a nossa afinidade é muito boa, porque a as pessoas deste grupo são repentistas como eu, além de sambadores, passando pelas cantigas de trabalho. É um som moderno, mas a base é o repente. Nós estamos como mão e luva! 
Gereba é meu parceiro há mais de 30 anos. São tantas coisas que fizemos juntos! Ele arranjou um disco meu e nós sempre convidamos um ao outro para os nossos shows. É a trilha certa na direção certa! 
Raimundo Sodré canta nos meus discos, nós somos muito parceiros. No meu disco novo (Licutixo), por exemplo, a voz na música Que Moça Bonita é Aquela? é a dele. (Canta: “Papai, mamãe, que moça bonita é aquela...”). 
A Mocinha de Passira é uma poetisa, ela vem do universo do improviso. É um grande talento, já fez parceria com os maiores repentistas do nordeste. Ela começou muito cedo na carreira. Nós nos conhecemos há muito tempo, ela até morou na minha casa e nós gravamos dois discos. Somos amigos e irmãos. Ela tem um lirismo tranquilo, quer ver?
"Antonio Nunes diz: O que o povo quer que eu seja eu queria ser agora. Aí a Mocinha diz: A boca que canta, chora / A mão que afaga, apedreja / Meu amigo Antonio Nunes / Eu quero que você seja tudo o que deseja ser / Não o que o povo deseja”. Informações:MDA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMENTE AQUI

Uma pausa neste blog

Olá amigos e amigas, hoje, 05 de setembro estamos pausando este blog por tempo indeterminado. Agradeço muito a todos pelos acessos diários. ...