A LUTA POR DIREITOS É PAPEL DA IGREJA

Por Fillipe Gibran
Coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito - Núcleo Minas Gerais

Enrique Dussel alertou que o neoliberalismo e o imperialismo usam as instituições religiosas neopentecostais para re-colonizar a América Latina. Verificou-se a utilização da igreja até em apoio a golpe militar.

Isso me leva a pensar na importância de seguir trabalhando na missão da igreja que é anunciar a chegada do Reino da Justiça. Seguir construindo uma igreja que não apenas tenha pobres, mas de uma eclesiogênese nos pobres, nas bases populares. Com e para os pobres. Que de fato faça “uma opção preferencial, não exclusiva”, por nós.

Distantes dos púlpitos vultosos que só querem dinheiro e poder é preciso seguir pensando em formas de dialogar com o povo que frente ao anúncio das boas novas se dá conta das opressões, injustiças que é submetido. Percebe que isso também é pecado. Passa então a pregar o arrependimento aos pecadores, lutar para mudança do ambiente explorador em seu entorno e a agir veementemente para destruir as ferramentas que produzem as injustiças, que são também, pecados sociais.

Onde as estruturas pecaminosas de subjugação e poder são destruídas pode se evidenciar os efeitos da mensagem do Cristo. Ali se efetivou o Reino de Deus. Ao conhecê-lo, Jesus, nos arremessa imediatamente a pensar nos mecanismos de opressão e de estruturação das desigualdades e como destruí-los, custe a cruz que custar.

A fé narrada por Jesus traz como horizonte de compreensão, mística e prática a responsabilidade para com todos os irmãos, com toda a humanidade. Não há possibilidades de se sustentar privilégios onde todos são igualmente filhos e filhas do mesmo Deus que é pai e mãe, partilham igualmente da mesma mesa e tem o mesmo pão, NOSSO, a cada manhã.

Se o império usa da fé institucionalizada para manipular e explorar a humanidade, a Igreja de Cristo, que é sempre contra cultura e revolucionária, no anúncio do Jesus Cristo Libertador deve mais do que nunca utilizar da conscientização do povo sobre a fraternidade, igualdade, justiça, paz e alegria.